27 novembro 2014

"Fire Instructor", outra vez...

Está a fazer uma década que me iniciei nas funções de supervisor de turno nos bombeiros da Força Aérea Portuguesa, os Operadores de Sistemas de Assistência e Socorro (OPSAS). Fi-lo na minha Base de eleição em Beja, local onde tive o privilégio de trabalhar e aprender ao longo de nove anos. Nestes últimos onze meses desempenhei as minhas funções na Base Aérea do Montijo lidando com uma realidade totalmente diferente da de Beja dado o volume de solicitações que chegam às esquadras das aeronaves de patrulhamento e de busca e salvamento. Vôos até tarde (muito tarde, mesmo), reinício das operações cedo (muito cedo, mesmo), enfim, um verdadeiro serviço de 24H. Foi também no Montijo que trabalhei com as pessoas que mais espírito de sacrifício entregam à causa. As Praças OPSAS da BA6 (e não vou mencionar ninguém em especial por ser mesmo abrangente a todas elas) são um verdadeiro exemplo que deveria ser seguido por todos os elementos da especialidade, respondendo com elevado profissionalismo ao trabalho que deveria ser executado por, pelo menos, o dobro do efectivo existente! Vencendo o cansaço que, justificadamente, ia mostrando a sua força nunca deixaram serviço por fazer e os erros que eventualmente foram aparecendo eram poucos e de importância reduzida. A todos vocês, camaradas, obrigado por esta lição de vida! Dou-vos o valor que oficialmente ainda ninguém vos reconheceu!
Mas não só no Montijo me foram apresentados "dotes de elevado carácter humano"! Foi em Beja que aprendi e consolidei as bases das minhas funções! Não me esqueço que cheguei ao Alentejo sem nenhuma experiência operacional e passado poucos dias já estava a gerir uma emergência de Alpha-Jet! Houve, sem dúvida, camaradas de patentes e categorias várias que me apoiaram nesse crescimento e me guiaram no caminho que fui trilhando. Que conhecimentos técnicos teria se não tivesse conhecido o Miguel Cruz? Como é que faria a gestão do pessoal se o Rui Figueiredo não me tivesse acolhido na Documentação e Arquivo da Secção de Beja? Como teria corrido a primeira emergência que geri e como me teria orientado na organização da manutenção de mais de um milhar de extintores sem os conselhos do José Semedo? Sem nenhuma intenção de querer fazer passar por esquecidas todas as pessoas com quem trabalhei na BA11 e todas as verdadeiras amizades que por lá fiz, sinto-me obrigado a deixar um abraço e um agradecimento especial a estes três camaradas, verdadeiros responsáveis pela minha afirmação enquanto Sargento OPSAS. Não lhes deverei tudo o que sei hoje, mas no reflexo daquilo que hoje sou profissionalmente será fácil encontrar influências dos três. Obrigado por isso!
Dez anos se passaram desde então. Dez anos de experiência acumulada enquanto supervisor que se juntam a quatro e uns trocos enquanto executante e que me irão ajudar no novo desafio que irei abraçar na próxima segunda-feira. Não sendo feriado, será no dia 1 de Dezembro que me apresento no Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea para iniciar as minhas funções enquanto formador dos próximos bombeiros da Força Aérea. Vivo, neste momento, um misto de emoções. A instrução sempre me fascinou e ganhou um especial destaque nos meus objectivos profissionais depois da experiência de sete meses que vivi no aeroporto internacional de Cabul. Porém adoro a parte operacional, que agora deixo, e toda a adrenalina a ela associada. Nada, porém, que não seja possível de gerir! Terei caras bem conhecidas para me receberem numa nova equipa de trabalho e, com toda a certeza, para me orientarem nas burocracias que hoje desconheço.
Chega a vez de agradecer a todos os que se cruzaram comigo ao longo destes anos. De uma forma ou de outra, pelos bons exemplos ou pelos maus, todos vocês me ensinaram alguma coisa e, indirectamente, irão contribuir para a formação inicial das próximas gerações de OPSAS.

Obrigado e até um dia destes!

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