09 janeiro 2014

Os heróis do Panteão

O Estado Português reserva, e muito bem, um local de destaque para "última morada" daqueles que, de uma forma ou outra, se destacaram de forma ímpar na nossa sociedade. Um acto de reconhecimento que, por vezes, fica engavetado enquanto esses "heróis" estão vivos, mas que é, sem dúvida, justificável... em alguns casos!
Se já a trasladação de Amália Rodrigues foi polémica, o que dizer agora da hipótese lançada para proceder de igual forma com Eusébio.
Clubismos à parte, parece-me que se está a banalizar o verdadeiro conceito da coisa. Ou então está-se a concretizar uma verdadeira homenagem ao Estado Novo e de seguida vão-se trasladar os restos mortais da Irmã Lúcia para completar os três F's da altura.
Posto isto, gostaria de fazer um pedido: Será que se podia arranjar um espacinho para Salgueiro Maia e os restantes militares de Abril? Afinal é por causa deles que eu posso estar a escrever este texto! E que tal José Saramago? Não me lembro de nenhum escritor Português a ganhar o Nobel da literatura para além deste... ahhhh, porra! Esqueci-me que era comunista!
No entanto, se é para continuar com esta política, reservem já lugar para o Figo, o Ronaldo, a Mariza ou, ainda pior, para aqueles que tanto têm contribuído para a projecção nacional por esse mundo fora. Falo de Durão Barroso e todos os súbditos da senhora Merkel.

1 comentário:

  1. Bom dia, João

    Quando penso em panteão nacional penso em quatro lugares: Santa Cruz de Coimbra (D. Afonso Henriques); Alcobaça (D. Pedro, etc.), Mosteiro da Batalha (D. João I e seus filhos) e Mosteiro dos Jerónimos (os de Avis a seguir a D. Manuel, a que foram acrescentados Camões, V. da Gama, A. Herculano e F. Pessoa). Ainda haverá um 5.º espaço, que é S. Vicente de Fora onde repousam os Braganças, embora D. Pedro IV só em cenotáfio.

    Como era tudo da monarquia, a República pensou criar um novo espaço, na igreja (dessacralizada) de Santa Engrácia. No entanto, quem verdadeiramente cuidou de encher aquele espaço foi o Estado Novo e isso dá-me engulhos.

    Quando se falou da inclusão de Eusébio pensei nos meus heróis que, creio, deviam ser merecedores de distinção nacional. Pensei, naturalmente, em Salgueiro Maia e José Afonso. Embrulhou-se-me o estômago e recusei a ideia, porque estes homens, tão grandes nos seus actos como na sua humildade, iriam partilhar a eternidade dos tempos com Óscar Carmona e Sidónio Pais! É por causa dessa companhia que não subscrevo o teu pedido.

    Este panteão é uma coisa indescritível, sem lógica nem coerência. Apesar de lá constarem, em cenotáfio, figuras que são verdadeiros heróis, não me revejo nele. Tenho, no entanto, uma certeza: Amália e Eusébio fizeram mais pelas alegrias deste país do que, por exemplo, Manuel de Arriaga que está lá pelo simples motivo de ter sido o primeiro presidente da República.

    Um grande beijo

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